10.26.2007

Grécia
(Greta Stoddart)


Tardes que temos para nos esconder do calor
onde o cachorro arrasta sua sombra em farrapos
pelas paredes. Facas estão limpas e quietas,
travesseiros frescos, chuva remota como tragédia.
No quarto pálido enquanto deitamos à beira
do sono ou sexo, zapeando a droga da TV,
Chelsea aparece e é como filmagem velha -
homens que pensamos perder para sempre, um campo,
a chuva de verão em pingos grandes e o cheiro
metálico do esperma que desprende certo licor.
Meu coração bate obscuro quando penso em Londres,
como um amante não tão esquecido;
e o velho órgão segue com a nota
como a chegada de uma tempestade, ou mito.


(tradução de ana guadalupe)

*


Greece
(Greta Stoddart)

Afternoons we have to hide from the heat
where the dog drags his ragged shadow
along the walls. Knives are clean and quiet,
pillows cool, rain remote as tragedy.
In the drawn room as we lie on the verge
of sleep or sex, zapping bad TV,
Chelsea appear and it's like old footage -
men we thought we'd lost forever, a field,
big-dropped Summer rain and the iron
smell of sperm that heaves off a certain shrub.
My heart thumps obscurely at the thought of London
as if of a not quite forgotten lover;
and the old song-swell carries from the pitch
like the approach of a massive storm, or myth.

2 comentários:

Renato Mazzini disse...

Linda tradução, Ana. E muitíssimo competente. Gostei da faxina e da organização que você deu à nossa humilde estalagem.

:)

Priscila Lopes disse...

Boa sua tradução e sua escolha. Vi teus poemas, alguns deles, no blog Escolhas Afetivas, adorei.

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